sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Soneto (Cláudio Manuel da Costa)

Quem deixao trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira o amor, sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trat a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade;
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!

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